Confraria dos Poetas Algarvios: Silves a taifa dos poetas

António Aleixo ( 1899-1949)

António Fernandes Aleixo, nasceu em Vila Real de Santo António, em 18 de fevereiro de 1899, e faleceu em Loulé, em 16 de novembro de 1949. Passou por diversas profissões, tecelão, pastor, servente de pedreiro, engraxador de sapatos e cauteleiro. Estas duas últimas profissões, aliadas às dificuldades da vida no seu tempo e ao apurado sentido de observação e reflexão foram o manancial para a sua poesia. Apesar do seu reduzido conhecimento da leitura e da escrita, em parte compensado pelos amigos que iam compilando as suas quadras e outras obras, António Aleixo foi senhor de uma grande sabedoria popular que refletiu na poesia não limitada à rima e a temas abordados de forma ligeira. A sua arte foi muito além do que se pode classificar de poesia popular, ainda que de estrutura simples na forma era prufunda no conteúdo, direi mesmo, filosófica.
Deixou um rico espólio: Quando Começo a Cantar (1943), Auto da Vida e da Morte (1948), Este Livro Que Vos Deixo (1969), O Auto do Curandeiro, o Auto do Ti Jaquim e Inéditos de António Aleixo (1978).

Gastão Cruz (n. 1941)

Gastão Santana Franco Cruz, nasceu em Faro, em 20/7/1941).
Licenciou-se em Filologia Germânica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Poeta, crítico literário e encenador, esteve ligado ao movimento de renovação conhecido por Poesia 61, juntamente com Casimiro de Brito, Luiza Neto Jorge, Maria Teresa Horta e Fiama Hasse Pais Brandão. Foi professor de português no King´s College da Universidade de Londres e colaborou nas revistas: Outubro, Seara Nova, O Tempo e o Modo e Cadernos do Meio-Dia.
O seu primeiro livro de poesia foi publicado em 1961 com o título" A Morte Percutiva" a que se seguiram "A Doença" (1963), "Outro Nome" (1965), "Escassez" (1967), "As Aves (1969), "Teoria da Fala" (1972) e muitos outros títulos.
O livro "A Poesia Portuguesa Hoje" (1973) juntou a contribuição de Gastão Cruz, Casimiro de Brito e António Ramos Rosa, à volta de "Cadernos do Meio-Dia".
No teatro está ligado à fundação do Grupo de Teatro Hoje (1970) e ao Grupo de Teatro de Letras (1965).
Foi premiado com o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (2004) e Correntes de Escrita (2009).

António Ramos Rosa

António Ramos Rosa, nasceu em Faro, em 1924, onde completou os estudos liceais. Radica-se em Lisboa e aí exerce uma intensa actividade literária, como poeta, como ensaísta, como crítico e como tradutor.. Na década de cinquenta é um dos mentores dos movimentos literários representados pelas revistas "Árvore", "Cassiopeia" e "Cadernos do Meio-Dia", esta útima com outros dois poetas algarvios, Casimiro de Brito e Gastão Cruz. Mais tarde a sua acção e crítica desenvolve-se nas revistas "Seara Nova", "Colóquio-Letras" e no Diário de Notícias.
A sua extensa obra poética inicia-se com a publicação da colectânea O Grito Claro (1968) e até hoje tem deu à estampa dezenas de títulos que têm grangeado inúmeros prémios: Prémio de Tradução da Fundação de Hautvilliers (1976), Prémio Pen Club de Poesia (1980), Prémio de Ensaio Jacinto Prado Coelho (1980), Prémio Pessoa (1988), Grande Prémio de Poesia APE (1989), Prémio Bienal de Poesia de Liége (1991), Prémio Poeta Europeu (1991), Prémio Jean Malrieu(1992), entre outros. É justamente considerado um dos expoentes máximos na poesia contemporânea portuguesa.

Casimiro de Brito (n. 1938)

Casimiro Cavaco Correia de Brito nasceu em Loulé (1938). Estudou em Faro e mais tarde, a convite da BBC, frequentou o Westfield College, em Londres. Juntamente com António Ramos Rosa, outro poeta algarvio, fundou e dirigiu a revista de poesia, ensaio e crítica Cadernos do Meio-Dia (1958-60). Em 1978 assumiu a direcção de revista de literatura da Associação Portuguesa de Escritores. Esteve ligado ao movimento Poesia 61, com Gastão Cruz, outro poeta algarvio. Foi presidente da Association Européenne pour la Poésie e do P.E.N. Clube Português e foi conselheiro da Associação Mundial de Haiku, de Tóquio.
A sua obra poética foi iniciada com a publicação de Poemas da Solidão Imperfeita (1957) e até ao último livro editado em 2011, Amar a Vida Inteira, são muitos os titulos publicados. Também são muitos os prémios angariados, dos quais destacamos: Prémio da Imprensa Cultural Portuguesa (1966), Prémio de Poesia da A.P.E. (1981), Prémio Internacional Versilia (Viareggio) (1985), Prémio de Poesia do P.E.N. Clube (1998), Pémio Internacional de Poesia Leopold Senghor (2002), Prémio Europeu de Poesia Sibila Alleramo / Mário Luzi (Itália,2004), Prémio Internacional POETEKA (Albânia, 2008).
Foi agraciado pela Presidência da República com a Ordem do Infante D. Henrique, (2008).

Nuno Júdice (n. 1949)

Nuno Júdice, nasceu na freguesia de Mexilhoeira Grande, Portimão, no ano de 1949. Licenciou-se em Filologia Românica na Universidade Nova de Lisboa, onde depois fez o doutoramento e leccionou. Mais tarde passou a exercer, em Paris, os funções de conselheiro cultural da embaixada de Portugal e de delegado do Instituto Camões. Colaborou em O Tempo e o Modo e Jornal de Letras.
Desde o seu primeiro livro, A Noção de Poema (1972) até hoje publicou mais de uma vintena de títulos de poesia, para além de obras de ficção, ensaio, teatro, crítica e antologias. A sua obra está traduzida em mais de dez línguas.
Poesia Reunida (da Publicações D. Quixote), juntou todos os poemas até ao final do milénio, cerca de nove centenas, demonstrando a vivacidade e criatividade permanente do poeta.
Os prémios recebidos por Nuno Júdice são o melhor testemunho da sua qualidade literária: Prémio Pen Club (1985), Prémio D. Dinís da Casa de Mateus (1990), Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (1994), Prémio Pablo Neruda, Prémio Cesário Verde "Consagração" (2003), Prémio Literário Fernando Namora (2004), Prémio Nacional de Poesia Ramos Rosa (2007), entre outros.
Desde 2007 a Biblioteca Municipal de Aveiro tem promovido o Prémio Municipal de Poesia Nuno Júdice.

Al-Mohtâmide e Ibn Ammar

Al-Mohtâmide (1040 -1095), poeta do Al-Faghar ou Chenchir, uma das províncias do Al-Garb, foi Governador de Silves (Xilb) e mais tarde rei de Sevilha. Foi amigo de outro poeta Ibn Ammar , nascido em São Brás (Xannabûs ou Xanbras) em 1031 tendo vindo a morrer em Sevilha em 1086 às mãos de Al-Mothâmide como justiça por ter traído a sua confiança. Ibn Ammar era mestre em panegíricos e ditirambos e foi a sua arte poética e o seu poder sedutor que o levou a pertencer à elite da corte em Sevilha. Foi Governador de Silves e Vizir em Sevilha.Em 1078 no comando das tropas de Al-Muthâmide conquistou Murcia mas, num ato de deslealdade, tornou-a independente sob seu governo. Essa atitude levaria à sua morte às mãos do seu anterior amigo e protector.A poesia de Ibn Ammar era conhecida em todo o mundo árabe o mesmo tendo acontecido com a poesia de Al-Mohtâmide.

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terça-feira, 26 de julho de 2011

Silves a taifa dos poetas

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