Amar a Vida inteiraPoema nº 42
O corpo, se fosse poema, era para rasgar.
Se fosse folha, para cair. Se fosse mandíbula
para devorar. Rasgado e caindo
levo-te comigo. Mas diz-me, quem és tu,
a carne de uma fada? O arco-íris
num poço secreto? Rasgado e caindo
lembro as nossas caminhadas nas ruas de Paris, vias
um sinal no céu e perdias-te de mim.
O teu corpo não era um poema, o teu corpo
era terra molhada, chão iluminado
e nunca te rasguei. Bárbara e arcaica
quando regressavas da visita a nuvens
que só tu vias e cheiravas. Parece
que dessas travessias
não sei muito mais.
O sangue
pouco a pouco, cegava.
Casimiro de Brito
(in Amar a Vida Inteira, Roma Editora, 2001)
O corpo, se fosse poema, era para rasgar.
Se fosse folha, para cair. Se fosse mandíbula
para devorar. Rasgado e caindo
levo-te comigo. Mas diz-me, quem és tu,
a carne de uma fada? O arco-íris
num poço secreto? Rasgado e caindo
lembro as nossas caminhadas nas ruas de Paris, vias
um sinal no céu e perdias-te de mim.
O teu corpo não era um poema, o teu corpo
era terra molhada, chão iluminado
e nunca te rasguei. Bárbara e arcaica
quando regressavas da visita a nuvens
que só tu vias e cheiravas. Parece
que dessas travessias
não sei muito mais.
O sangue
pouco a pouco, cegava.
Casimiro de Brito
(in Amar a Vida Inteira, Roma Editora, 2001)
Sem comentários:
Enviar um comentário