Epicentro dos poetas algarvios

Este irá ser o lugar geométrico dos poetas ligados ao Algarve, por nascença ou por aquisição do título por mérito próprio. Entre Al-Mohtâmid e Nuno Júdice encontraremos muita gente pelo caminho e teremos muito prazer em ouvir de novo Ibn Ammar, João de Deus, António Aleixo e muitos outros valores da poesia desde o Al-Garb Al Andalus até aos nossos dias presentes.
Esta é uma praça aberta a todos, consagrados e noviços. Sejam bem vindos.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Casimiro de Brito

Amar a Vida inteiraPoema nº 42

O corpo, se fosse poema, era para rasgar.
Se fosse folha, para cair. Se fosse mandíbula
para devorar. Rasgado e caindo
levo-te comigo. Mas diz-me, quem és tu,
a carne de uma fada? O arco-íris
num poço secreto? Rasgado e caindo
lembro as nossas caminhadas nas ruas de Paris, vias
um sinal no céu e perdias-te de mim.
O teu corpo não era um poema, o teu corpo
era terra molhada, chão iluminado
e nunca te rasguei. Bárbara e arcaica
quando regressavas da visita a nuvens
que só tu vias e cheiravas. Parece
que dessas travessias
não sei muito mais.
O sangue
pouco a pouco, cegava.


Casimiro de Brito
(in Amar a Vida Inteira, Roma Editora, 2001)

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